A Sentença
Num velho livro topei com uma palavra escrita,
Que como um choque me marcou e ilumina toda a minha vida:
E quando me entrego ao prazer embotante,
E à essência prefiro a aparência, a mentira e o falso semblante,
Quando, de ânimo leve, a mim mesmo me engano com pequenos nadas,
Como se fosse clara a escuridão, como se a vida não tivesse mil portas brutalmente fechadas,
E agarro coisas cujo sentido profundo não vivi,
Quando, com mãos aveludadas, o sonho bem-vindo me acaricia
E de trabalhos e dias me alivia,
Alienado do mundo, estranho à minha própria consciência,
Então ergue-se em mim essa palavra: Homem, torna à tua essência!
Ernst Stadler
trad. João Barrento
in “A Alma e o Caos – 100 poemas expressionistas”, Relógio D’Água
Bom poema. :)
Abraço