da sala dos filósofos, o teatro, de planta e percurso circular, para uma melhor ascenção dos pensamentos
onde os homens iam a banhos, num previlégio de água quente, numa piscina oval
do Egipto o monumento inspirado, pela perda e pelo amor
o que resta de uma cidade onde se reviam os cantos do mundo, a hierarquia dominava, a visita anual do imperador era um acontecimento, as oliveiras abundam e a produção de azeite levou à invenção do comboio subterrâneo/metro, afinal em Tivoli, muito antes dos ingleses se lembrarem disso...
Certamente haverá alguém no Povo com fotos melhores do que as minhas...
Porque não partilhá-las connosco?
"The Falling Man", 11 de Setembro de 2001, Richard Drew
Esta é uma daquelas imagens que exerce sobre mim emoções tão ambíguas que, falar sobre ela, analisá-la, se torna num exercício penoso, incongruente e difícil de suportar.
Não conheço ninguém que não saiba o que estava a fazer no dia em que foi captada. O mundo mudou. Não sabemos muito bem no que se tornou a partir daí, mas sabemos que mudou. Sabemos que vivemos com medo e sabemos que hoje somos menos livres. Só existem dois limitadores da Liberdade: o Medo e a Culpa.
Não gosto de cair em julgamentos fáceis sobre o suicídio, até porque o suicídio em si não é nunca uma decisão fácil. Há liberdades que fazem parte da esfera individual de cada um, o suicídio é uma delas, e se há alguém que decide usufruir dessa liberdade, algum motivo, alguma razão, por incompreensível que nos possa parecer, deverá existir. A incompreensão não invalida o respeito pelo outro e, se realmente formos dignos desse respeito, não haverá da nossa parte qualquer julgamento ou juízo de valor. Tenho sobre o homem retratado em “The Falling Man” esse tipo de respeito.
Sei que sou capaz de compreender que alguém assuma a responsabilidade e o controlo da sua própria vida, mas não sei se compreendo a mesma responsabilidade e o mesmo controlo sobre o fim dela. Pensar se sou ou não capaz de o fazer é qualquer coisa que me assusta e me cria pânico, pela simples razão de abalar a minha estrutura e os meus princípios enquanto ser vivo. Mas quando olho a tranquilidade daquele corpo em queda e sinto que aqueles segundos significaram a libertação de alguém obrigado a viver um inferno que não construiu ou desejou, sinto uma espécie cumplicidade desconfortável, como se numa situação semelhante eu fosse capaz de desejar o mesmo.
Houve alguém que investigou a identidade do homem retratado. Não sei se ver cumprido o desejo lhe trouxe alguma satisfação. Indo em sentido contrário àquilo em que acredito e que tenho como valor essencial e inabalável, a VIDA, “The Falling Man”, para mim, representa escolher a Liberdade à tirania do Medo imposta pela maldade deliberada, ainda que escolher, signifique ser-se livre por apenas 4 ou 5 segundos.
Porque não esquecemos e não podemos esquecer.