Quem levará o Amor?
Quando meu ser pra sempre se fundir,
quem adorará violino do grilo?
Chama quem soprará no ramo frio?
Quem se deitará sobre o arco-íris?
Chorando, quem abraçará rochosas
ancas ora campos de leves ondas?
Quem acariciará duros cabelos
de raízes nas paredes, artérias?
E à fé devastadora erigirá
quem uma de injúrias catedral?
Quando meu ser pra sempre se fundir,
quem os abutres amedrontará?
E quem levará para a outra margem
o Amor em seus dentes apertado?
Nagy László (poeta húngaro)
trad. Ernesto Rodrigues
Rosa do Mundo, Assírio & Alvim